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Bossa Nova faz 60 anos e é tema das Oficinas de Artes de Barueri

- 13 de julho de 2018

Há 60 anos um jovem cantor chamado João Gilberto entrou no estúdio da Odeon, no Rio de Janeiro, e gravou o compacto (disco de vinil com apenas duas canções) com as músicas Chega de Saudade e Bim Bom. Para efeitos históricos, começava ali a Bossa Nova, um ritmo musical com raízes profundas na cultura brasileira. Os alunos das Oficinas de Artes de Barueri ao longo deste ano estão estudando e produzindo trabalhos artísticos abraçando a Bossa Nova como tema. O resultado, em breve, será apresentado à população da cidade.

A base sobre a qual se assenta a formação dos alunos das Oficinas e dos Núcleos de Dança e de Música da Secretaria de Cultura e Turismo é a autêntica cultura brasileira. E é por conta disso que o secretário Jean Gaspar determinou aos professores que trabalhem os conteúdos das aulas dentro desse princípio. Seguindo a proposta pedagógica já implementada no ano passado, e continuando na temática da autêntica cultura brasileira, este ano o tema escolhido é a Bossa Nova. No ano passado, as atividades foram a partir da obra da artista plástica Anita Malfatti.

“Para conhecermos nosso país e nossas origens é fundamental a aprendizagem das produções culturais do nosso povo e a Bossa Nova é sem dúvida um dos grandes marcos da cultura brasileira”, destacou. Para ele, valorizar a própria cultura significa tornar cidadãos mais conscientes, além de preparar os futuros artistas da nossa cidade com a base necessária para realizar produções artísticas que contemplem a qualidade e o respeito ao nosso legado cultural.

Os alunos estão se debruçando sobre a riqueza contida na Bossa Nova e preparando apresentações a partir de obras como Arca de Noé, de Vinícius de Morais, Saltimbancos, de Chico Buarque de Hollanda, e até uma adaptação do clássico Romeu e Julieta, de Willian Shakespeare, cuja história se passa no Brasil na época do surgimento da Bossa Nova. “Haverá espetáculos integrados com dança, teatro, música coral e outras modalidades, além de apresentações separadas, montados de maneira didática para a formação do aluno”, explica a professora Nana Pequini.

Batida carregada de samba
A Bossa Nova no final da década de 50 era então um estilo completamente diferente de cantar e principalmente de tocar o violão. João Gilberto se valia de uma “batida” inovadora, carregada de samba, mas temperada com jazz e outras influências musicais. Não demorou muito e o ritmo começou a seduzir as plateias de todas as nacionalidades. Composições de Tom Jobim, Roberto Menescal, João Donato e letras de Vinícius de Morais, Newton Mendonça, entre outros, levaram ao mundo o que o Brasil tem de melhor. Clássicos como Garota de Ipanema, Desafinado e Samba de Uma Nota Só tornaram-se tão conhecidas quanto as músicas dos Beatles ou de Frank Sinatra.

Aliás, o próprio Sinatra se rendeu aos encantos da Bossa Nova e convidou pessoalmente o maestro Tom Jobim para gravarem juntos o álbum “Francis Albert Sinatra e Antonio Carlos Jobim”, em 1967. O cantor de olhos azuis havia tomado conhecimento do ritmo brasileiro em um concerto no Carnegie Hall, em Nova York, cinco anos antes, em novembro de 1962. Nele, a Bossa Nova fora apresentada aos gringos com Tom Jobim acompanhado de um grupo de jovens talentos que davam a devida sustentação ao ritmo cheio de balanço e qualidades. Entre eles, Oscar Castro Neves, Sérgio Mendes, Menescal, Carlinhos Lyra, Chico Feitosa, Luiz Bonfá e, claro, João Gilberto. Dali, definitivamente ganharia o mundo.

Embora seja um movimento que tenha começado entre artistas bem nascidos na classe média carioca, a Bossa Nova se sustenta na cultura popular, principalmente a de origem negra. Surgiu em uma época de franco otimismo no Brasil. Época de Juscelino Kubitschek, da conquista da primeira Copa do Mundo, em 1958, da efervescência cultural no teatro, no cinema, na literatura, na construção de Brasília e na crença do “Brasil país do futuro”. A Bossa Nova continua hoje a levar otimismo e riqueza cultural ao nosso povo, e ainda continuará por muito tempo.