Temp

Serviço social na Saúde: fortalecimento de vínculos e garantia de direitos humanos

- 15 de maio de 2020

“Ouvir além das palavras, olhar além dos olhos, entender além do óbvio, acolher dores não mensuradas, resolver o que parece não ter solução, incutir sonhos, criar esperanças e, por fim e não menos importante: lutar por direitos humanos e fazer valer na prática”. É assim, com poesia e humanidade - como não poderia deixar de ser -, que a assistente social Amanda Assunção Verde, que atua na Unidade Básica de Saúde (UBS) do Jardim Audir, resume o papel de sua profissão: o Serviço Social.

Em 15 de maio celebra-se o Dia do Assistente Social, o profissional que planeja e executa programas e ferramentas para a garantia, a defesa e a ampliação dos direitos sociais e a efetivação das políticas públicas. Muito abrangente, essa nobre profissão tem papel fundamental no cumprimento de direitos humanos, mostrando o caminho e as alternativas para os que mais precisam.

“Independentemente da área de atuação, é trabalhar incansavelmente para garantir acesso do cidadão aos seus direitos. Ao contrário do que muitos pensam, Serviço Social não é caridade, é direito. Sempre que o usuário do serviço me agradece pelo atendimento faço questão de orientar que estou trabalhando, que essa é minha obrigação e que ele tem direitos a serem garantidos”, deixa claro a assistente social da UBS do Jardim Belval, Ivani Maria de Souza.

Atuação na Saúde
O Serviço Social tem muitos campos de atuação e a Saúde é um deles. Nesse período de pandemia, os assistentes sociais estão entre os profissionais que compõem a linha de frente na luta contra o coronavírus.

“Na saúde o assistente social se insere como ‘agente’ de interação, como um elo orgânico entre os diversos níveis do SUS e entre este e as demais políticas sociais setoriais, o que nos leva a acreditar que nosso principal papel é assegurar a integralidade das ações.  Ser assistente social é notar o que ninguém nota, é enxergar o que não está visível , é ouvir o que muitas vezes não é falado”, expressa a assistente social Danila Martins Martelli, que recentemente passou a integrar a equipe do Pronto Atendimento do Jardim Paulista, remanejado temporariamente como hospital de campanha para atendimento exclusivo de coronavírus.

Em Barueri, os assistentes sociais estão, por exemplo, em todas as UBSs, compondo a Coordenadoria de Atenção Básica à Saúde (Cabs). Só nesse setor eles são 20 profissionais que atuam juntamente com a equipe de enfermagem e de saúde mental em diversas frentes, como acolhimento, acompanhamento e intervenções, grupos, visitas domiciliares, encaminhamentos, assistência às minorias etc.

Com o advento do novo coronavírus a equipe atuou ativamente na reformulação e reconfiguração da rotina de trabalho nas UBSs e na criação de novos métodos de atendimento para que a assistência não fosse interrompida. Eles estão lá, recebendo as demandas espontâneas, fazendo teleatendimentos, monitorando pacientes e colegas de trabalho que, mais do que nunca, necessitam de atenção e cuidado.

“O Serviço Social trabalha com a socialização e hoje, infelizmente, temos que retrair este trabalho com a presença do COVID-19,  pois vivemos um experimento social individual. Neste cenário, o trabalho é realizado com vistas à redução de danos, seja no atendimento ao paciente, seja no cuidado institucional. Estamos repensando nossas ações diariamente, de forma a atender nossos pacientes com qualidade e efetividade e, ao mesmo tempo, resguardar o maior bem que existe: a vida”, explica Kely Cristina Apolinário de Almeida, assistente social no Programa de Assistência Domiciliar (PAD).

A luta precisa ser de todos
Com tanta abnegação, no entanto, fica difícil evitar o sentimento de frustração quando se deparam com a desobediência quanto as orientações de isolamento e prevenção por parte das autoridades de saúde, conforme manifesta Cleomarta Jesus Marques, assistente social também realocada para o PA do Paulista. “Parece que as pessoas só compreendem a dimensão dessa luta quando um familiar é hospitalizado. Dentro de uma unidade de saúde o empenho dos profissionais em se proteger e proteger os demais é exaustivo, mas parece que quando passamos os portões do PA a população está alheia a toda essa dor e luta”, desabafa a profissional.

Ivani, que inclusive testou positivo para Covid-19, reforça esse apelo e lembra a todos sobre a fragilidade humana: “o sentimento é indizível, estamos juntos hoje, amanhã não sabemos. Quando dizem que somos heróis eu entendo como uma forma carinhosa de homenagem aos funcionários da Saúde. Mas preciso dizer que não somos heróis, apenas seres humanos lutando contra as próprias fraquezas e buscando honrar as profissões que escolhemos. Também necessitamos de cuidados e acolhimento”.

Profissão e paixão
Mesmo diante das dificuldades – as inerentes à profissão desde sempre e as novas, trazidas pela pandemia -, fica evidente a paixão por esse trabalho, expressa de várias formas por todos esses profissionais, que merecem todo respeito e reconhecimento e estão presentes em vários setores da municipalidade como cumprimento dos direitos básicos do cidadão.

“Gostaria de parabenizar todos os assistentes sociais por esse trabalho tão valoroso e importante para a sociedade. Que continuemos firmes em nossa atuação, que alcancemos maior reconhecimento profissional, que consigamos imprimir a nossa marca, que tem muito do projeto ético, político e profissional do qual defendemos, dos valores que possuímos, da visão ideológica de um mundo melhor que temos e das experiências adquiridas, conseguindo assim desempenhar nosso papel da melhor forma possi´vel!”, finaliza a assistente social responsável técnica da equipe de Serviço Social da Cabs, Suellen de Araújo Costa.

Temp Temp Temp