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Arbitragem no futebol amador é exemplo de dedicação e amor pelo ofício

- 29 de agosto de 2018

A tendência de quase todos os derrotados no esporte é pôr a culpa em terceiros. E este quase sempre é o árbitro. O que levaria então pessoas em seu juízo normal a seguir essa carreira e, ainda, sem as mesmas condições, prestígio e remuneração dos “primos ricos”? A paixão pelo ofício.

Era sábado por volta de meio-dia no campo do Jardim Silveira, quando a reportagem acompanhou mais uma rodada do Campeonato Amador de Barueri. O dia começou bem cedo para o árbitro Márcio Amaral de Lana e para os auxiliares Valmir José Delgado e Thiago Rodrigo Nunes Brigido. De Lana, 38 anos, vigilante, sopra o apito há 21; Delgado, controlador de acesso,  57, corre nas laterais do campo há 22 anos e Brigido, 27, operador de empilhadeira, está na primeira temporada.

Estão em campo pela categoria máster (50 anos ou mais) a equipe da casa e o time do E.C. Cidade. A vitória do time da casa por um placar elástico pode ser considerada um fator de tranquilidade para a arbitragem? “Sim”, eles concordam, mas garantem que independente disto, as regras do futebol têm que prevalecer, custe o que custar. Quando é o visitante que dá show de bola, a pressão de jogadores, dirigentes e torcedores costuma ser intensa.

Nenhum deles foi agredido fisicamente no exercício da função. Verbalmente já perderam as contas, mesmo o bandeirinha iniciante. Tudo o que ocorre é relatado na súmula e pode acarretar punições, caso haja a identificação dos infratores. Eles são orientados a elaborar boletim de ocorrência nos casos mais graves. A punição pode ser a exclusão do time por dois anos.

Embora também apite em campeonatos amadores de Carapicuíba e de Osasco, de Lana garante que não é o dinheiro que o motiva a exercer o ofício. Na rodada em questão, o árbitro atuou em dois jogos pela manhã e correu para mais dois à tarde no Jardim Audir. Delgado e Brigido bandeiraram três partidas. Todos têm curso de formação de árbitros e atualização na Federação Paulista de Futebol. O mais veterano afirma nunca ter sonhado em passar a arbitrar. “Atuo melhor como bandeirinha”, garante.

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