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Monólogo encanta pacientes do Caps - AD

- 05 de agosto de 2019

Inspiração, criatividade, coragem, autonomia, expressividade. Esses são alguns dos sentimentos expostos aos pacientes do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas de Barueri (Caps – AD) durante a apresentação do monólogo “Louco de Pedra”, encenado pelo ator convidado Dill Magno, no dia 22 de julho.

Bem ali, entre a roda de pacientes, o ator contou com muita sensibilidade e profissionalismo uma história narrada por um moço, “Chico”, em sua saga para chegar às margens do Rio São Francisco enquanto lembra Clara, amor perdido nas terras de outro santo. O drama foi escrito por Celso Cruz e é encenado por Dill há 10 anos.

A plateia ficou em completo silêncio durante toda a apresentação. Ao final, o ator se disponibilizou a conversar com todos e responder as perguntas. Vários pacientes aproveitaram a oportunidade para conhecer melhor o artista, sua história no teatro, os temas que mais o empolgam, dentre outras curiosidades.

Inspirador
Para o paciente Oscar Gomes, de 68 anos, a experiência representa um recurso valioso para complementar o tratamento que faz ali. “Eu achei ótimo, maravilhoso, a inspiração dele é muito grande, não é qualquer um que faz teatro. Eu acho bom porque a gente tem esse problema de alcoolismo, é um problema muito sério, e essas coisas ajudam, sim, é como uma terapia, e inspira”, disse, empolgado.

Trazer a encenação de uma peça solo para dentro desse tipo de espaço também reforça junto aos seus frequentadores o sentimento de autonomia e desprendimento, uma vez que muitos recorrem ao álcool e às drogas para conseguirem se relacionar socialmente. “Muitas vezes eles vão por meio das substâncias que utilizam procurar os espaços sociais. Quando a gente traz o espaço social, tanto queremos que eles atinjam pra dentro do Caps como a gente favorece essa caminhada fora daqui também, auxilia no encontro com esse prazer da arte”, explica a psicóloga da unidade, Ana Carolina Fantin.

Para a especialista, a simplicidade dessa peça é extremamente bem-vinda, pois “dá pra compartilhar com os nossos usuários que a possibilidade do fazer está dentro do ser e não exatamente do que está do lado externo: cenário, roupa, dinheiro. Não tem a ver com isso, tem a ver com a potência que cada um tem dentro de si, a vontade de transformar”, ressalta.

Isso, inclusive, motivou Dill Magno na escolha do drama. “Primeiro porque tem uma proposta muito próxima da realidade das pessoas que frequentam aqui, essa ideia de subverter uma ordem, de tentar resolver a vida de uma outra maneira que não seja a convencional e que pra muitos é algo estranho. Este personagem subverte essa ordem, transforma essa dor e sofrimento em uma trajetória em comum para a maioria das pessoas”, justifica o ator.

A peça é apenas um dos recursos utilizados pelos profissionais do Caps ao longo do tratamento. O trabalho de resgate realizado por eles prevê diversas atividades criativas, tanto para apreciação quanto para exercício, como é o caso das oficinas de arte desenvolvidas no local.

“Uma das maiores buscas que a gente tem com os nossos pacientes aqui no Caps - AD é a ampliação das oportunidades de vida, a ampliação dos lazeres, dos prazeres, e trazer o teatro pra cá é poder motivá-los a perceber a potência da arte, a perceber o quanto a arte pode trazer pra eles a sensação de identificação, de pertencimento, outras formas que eles têm de poder existir e ter prazer”, sinaliza a psicóloga.

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