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Papo sobre violência doméstica engaja pacientes da UBS do Jardim Belval

- 14 de março de 2019

Em 2017 ocorreram 1.133 feminicídios no Brasil, 61.032 estupros e 221.238 registros de violência doméstica – uma média de 606 casos por dia. Os dados são do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2018, divulgado durante o Fórum Brasileiro de Segurança Pública do ano passado.

Motivada por esses números tão alarmantes, a Unidade Básica de Saúde (UBS) Hermelino Liberato Filho, do Jardim Belval, realizou uma roda de conversa sobre violência doméstica, na terça-feira (dia 12), encabeçada pelo psicólogo Dimas Dion Silva Santos, membro do Núcleo de Prevenção à Violência da Secretaria da Mulher de Barueri. A ação é alusiva ao Mês da Mulher, celebrado em todas as UBSs da cidade.

As pacientes da unidade lotaram a sala onde ocorreu a palestra e a interação empolgou a equipe, já que várias das mulheres presentes relataram casos de agressão que sofreram. Logo no início, o psicólogo Dimas disse que abordar o tema é como administrar uma vacina contra o machismo, presente ainda em muitas pessoas, dentre elas mulheres. Especialistas concordam que o machismo é questão central acerca do tema, já que é uma característica motivadora de muitas ações que vitimam mulheres ao longo da história no Brasil.

“As mulheres têm que ter direito a existir”
“Às vezes a gente não conhece quais são os direitos humanos”, disse Dimas, ao apresentá-los ao público por meio de um apanhado histórico. Para o psicólogo, “esses são direitos universais do ser humano, mas quando a mulher entra em um relacionamento abusivo, perde esses direitos”. “Toda mulher tem direito a isso. Por que quando ela entra em um relacionamento não tem mais?”, questiona.

O profissional também apresentou a Lei Maria da Penha (Lei Federal 11.340, de 7 de agosto de 2006: Lei de Prevenção à Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher) que, embora criada tardiamente, é considera uma das melhores leis do mundo de proteção à mulher.

A lei em questão sofreu críticas por parte de algumas mulheres da plateia, que disseram não funcionar. “Eu já sofri agressão e precisei de medida protetiva em São Paulo e não me deram. Aqui em Barueri eu sei que funciona, mas não é assim em todo lugar”, relatou a doméstica Elisabete Leocádio Oliveira, de 48 anos.

Denúncia foi a palavra de ordem nesse momento, já que estima-se que apenas 10% dos casos de violência doméstica sejam notificados, portanto, os números são ainda maiores. “As leis existem para a mulher saber que ela tem direitos. Parar esse ciclo da violência é com denúncia, é se separando”, reforçou Dimas.

A criação dos filhos homens também entrou na discussão, já que o machismo é uma questão cultural, alimentada dentro dos lares e, muitas vezes, pelas próprias mães. “Tudo começa com a criação dos filhos, porque muitas vezes as mães incitam um comportamento de possessão, de abuso, de violência”, frisou a psicóloga da unidade, Sandra Regina Gonçalves de Sousa.

Além da palestra, as pacientes da UBS participaram de uma dinâmica de grupo na qual foram feitas perguntas sobre violência doméstica, relacionamentos abusivos e empoderamento feminino, dentre outras.

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