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Programa de combate à violência contra a mulher recupera agressores

- 25 de maio de 2018

“Eu não sabia que eu era violento” declarou T.A., assistido pelo programa “Homem Sim, Consciente Também”, na quarta-feira (dia 23) na Delegacia Sede de Barueri. O projeto foi idealizado pela Policia Civil e tem o apoio da Prefeitura de Barueri, por meio da Secretaria da Mulher.

Romper o ciclo da violência é o objetivo dos seis encontros com homens de Barueri que apresentam traços de violência ou que cumprem medida protetiva pela Lei Maria da Penha. Com o acompanhamento de psicólogos, assistentes sociais e representantes da área judiciária, os assistidos pelo programa participaram de palestras e rodas de conversas sobre sexualidade, drogas, gênero e a própria legislação (Lei Maria da Penha), que determina a criação de centros de educação para os agressores.

A delegada da DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) de Barueri, que coordena o programa no município, Ivna Schelble, relata que os grupos reflexivos descontroem estereótipos e fazem repensar a masculinidade.

“O importante é que esse pensamento e conduta agressiva não se reproduzam em outros relacionamentos. O que se espera desse curso é que os envolvidos vivam de forma harmoniosa. O programa visa, sobretudo, a educação, só assim é possível a mudança de comportamento.”

Agressão não pode ser mecanismo de defesa
O psicólogo Dimas Dion, que atende mulheres vítimas de violência doméstica pela Secretaria da Mulher, também conduziu algumas reuniões e falou o quanto os ideários machistas estimulam atitudes agressivas.

“Quando nos percebemos desautorizados e não temos mais argumento, partimos para a força. Isso é um mecanismo de defesa diante da ‘honra’, mas que honra é essa? Existe uma cobrança social sobre o comportamento masculino que incita a violência, isso precisa ser combatido” explica.

Despertar
“Percebi que a gente reproduz o que aprende quando criança, eu presenciava o meu pai agredindo minha mãe, mas nunca imaginei que eu seria igual. Quando me separei de minha esposa, perdi a cabeça e forcei a barra com ela”, relatou T.A, assistido pelo programa, reforçando que sua percepção sobre a masculinidade mudou.

“Achava que o homem era o que mandava na relação, agora um homem de verdade é aquele que busca o melhor caminho para tomar decisões. Para mim foi muito importante participar desses encontros, nós também precisamos de um espaço onde podemos ser ouvidos”, concluiu.