O judô que transforma a vida dos jovens
- 20 de março de 2017
Barueri oferece aulas gratuitas para várias modalidades de artes marciais. Entre elas uma tem grande destaque. O judô conta atualmente com mais de 600 praticantes nas escolas da cidade e é um verdadeiro transformador de vidas. Crianças, jovens e adultos que poderiam trilhar um caminho errado na vida acharam na arte milenar um verdadeiro incentivo para seguir o caminho do bem e do respeito.
Mas tudo isso começou em 1882 quando um jovem de 23 anos chamado Jigoro Kano fundou o Instituto Kodokan, que se tornou a Meca dos ensinamentos sobre o Judô.
Em Barueri a tradição do velho mestre japonês é repassada em detalhes pelo mestre Douglas Montel, faixa preta da modalidade há 22 anos. Formado em educação física e com a serenidade de um verdadeiro sensei aos 39 anos, Douglas que nasceu dentro do GRB (Grêmio Recreativo Barueri) diz que até tentou fazer outros esportes, mas foi no Judô que se descobriu.
Com milhares de praticantes e federações espalhados pelo mundo, a arte se tornou um dos esportes mais praticados, representando um nicho de mercado fiel e bem definido. Não restringindo seus adeptos a homens com vigor físico e estendendo seus ensinamentos para mulheres, crianças e idosos, a arte teve um aumento significativo no número de amantes.
A arte marcial tem como filosofia integrar corpo e mente. Sua técnica utiliza os músculos e a velocidade de raciocínio para dominar o oponente.
Mestre Jigoro Kano definiu a técnica da seguinte forma: “arte em que se usa ao máximo a força física e espiritual”. A vitória, ainda segundo o mestre fundador, representa um fortalecimento espiritual. Nas academias, procura-se passar algo além da luta e do contato físico. Para tornar-se um bom lutador, antes de tudo, é preciso ser um grande ser humano.
Mestre Douglas fala que seu grande espelho foi Aurélio Miguel medalhista olímpico e que o Mixed Martial Arts (MMA) deturpa o verdadeiro sentido e filosofia das artes marciais.
“Comecei aqui no GRB aos 9 ou 10 anos. Antes disso eu gostava de praticar vôlei e basquete, mas nunca levei muito jeito para os esportes coletivos. Eu era muito introspectivo e foi ai que uma tia minha que já trabalhava por aqui me levou na academia que ficava ali no Jardim Belval. Eu nunca mais parei. Isso foi em 1998. Fui aluno do professor João Davi de Andrade. Fui atleta, estagiário, assistente técnico, técnico, coordenador pedagógico, gestor, gerente e agora novamente estou dando aula e sendo coordenador da modalidade no município.”
Fã confesso do medalha de ouro nos jogos Olímpicos de Seul em 1988 e bronze em Atlanta em 1996, Aurélio Miguel, Montel diz que “ele é uma grande referência. O mais legal é que eu consegui treinar com ele. Nós competimos. No último ciclo olímpico dele outro professor meu aqui do GRB, o Luciano Matheus, fazia assessoria física para ele e eu participei intensamente dos treinamentos. Então ele foi meu ídolo quando eu era criança e depois mais velho eu o ajudei nos treinos”, conta.
Com relação ao trabalho desenvolvido pelo GRB, Douglas é só elogios: “Aqui é fantástico. A prefeitura fomenta e da livre acesso para as crianças que querem disputar as 19 modalidades oferecidas. Temos aqui no GRB um processo muito significativo porque pegamos crianças de 4, 5, 6 anos e ficamos com eles até a fase adulta. Nossa principal meta não é formar atletas, queremos antes de tudo formar cidadãos de bem e com caráter. Isso é muito significativo para nós e melhor ainda é saber que somos uma referência na região. O esporte como ferramenta educacional não tem igual. Temos um papel primordial na formação das crianças e dos jovens. Só no Judô temos mais de 600 alunos.
Já com relação ao fenômeno MMA, o jovem mestre tem suas restrições: “Eu já gostei mais. O MMA é um fenômeno esportivo com pouco mais de 20 anos. Ele como comunicação é bom, mas para as crianças é um veículo negativo. As crianças se espelham nos atletas e não é aquilo que as artes marciais ensinam e preconizam. Aquilo é um esporte/espetáculo. A luta é uma parte pequena da arte marcial. Ali só se enaltece a luta. Arte marcial para mim é quando você vem com princípio, com filosofia, com ética, e ali não tem isso. Então contribui pouco. Talvez seja bom para os atletas que vivem disso, mas para o todo, aquelas pessoas que trabalham com crianças, jovens, ou seja, a formação eu acho que joga contra. Essa é a minha opinião”, finaliza.
Serviços
Interessado no judô ou em outra modalidade oferecida pelo GRB entre em contato no telefone 4199-1700.