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Atendimento psico-oncológico do HMB reforça tratamentos contra o câncer

- 03 de agosto de 2018

Com a facilidade dos inúmeros aplicativos para mandar mensagens rápidas e sem muita elaboração, escrever cartas parece uma ideia antiquada. Mas, um método tão simples, composto apenas por papel, caneta e emoção, pode trazer inúmeros resultados positivos tanto para quem escreve quanto para quem recebe uma mensagem. Para redigir uma carta, o que realmente importa é apenas o sentimento. E é justamente este sentimento, trabalhado em forma de palavras, que pode ajudar no tratamento de doenças.

Dentre as atividades propostas pelos psicólogos do Hospital Municipal de Barueri (HMB), a troca de cartas, técnica que permite transformar emoções em palavras, merece destaque por ser acessível e eficaz. No Hospital, a psicologia faz parte da equipe multidisciplinar que acompanha o paciente com câncer, composta por oncologista, radioterapeuta, enfermeiro, nutricionista, fonoaudióloga e assistente social.

O acolhimento psicológico ingressa no tratamento desde a primeira consulta com o oncologista e segue durante a investigação do diagnóstico, a internação, o tratamento até a reabilitação, com objetivo de auxiliar o paciente no enfrentamento da doença. Na avaliação do caso é possível saber sobre o histórico psíquico, se há transtornos como depressão e ansiedade e entender qual a melhor forma de cuidar do paciente.

“Ainda há muitos preconceitos na sociedade diante do diagnóstico de câncer. O próprio paciente chega com dificuldade até de pronunciar o nome da doença, como se fosse contagiosa ou como se fosse sinônimo de morte”, comenta Caroline Agudo, psicóloga oncológica do HMB. A área realiza em torno de 130 atendimentos por mês. 

Paralelamente à verbalização, que é a abordagem mais comum, a psicologia também incentiva a troca de cartas entre familiares e pacientes para transmitir as emoções e os pensamentos sobre e para além da doença. A expressão no papel é a alternativa mais apropriada em casos que o paciente não consegue conversar sobre o câncer, pois trabalha a própria aceitação e também melhora a comunicação e a aproximação da família.

Muitas barreiras são criadas em torno da doença, e uma delas é esconder o sentimento na tentativa de parecer mais forte, atitude tomada tanto por quem está doente quanto por quem está próximo. A ideia das cartas é justamente quebrar este paradigma para fazer com que todos trabalhem com o sentimento e pensem nos sintomas da alma, que geralmente não são verbalizados. Vale destacar também a percepção do fortalecimento dos laços familiares de pacientes internados, que não podem receber visitas das crianças, mas recebem desenhos e palavras de carinho.

Assim como acolhe o paciente, o setor de psicologia também recebe os familiares, para que juntos consigam passar pelo momento da crise e gerenciar melhor todo o processo da doença. “Nossa intenção é sempre tratar o paciente como um ser integral, e não limitar-se a doença. É preciso saber em que momento da vida o câncer chegou e quais consequências ele traz para a família toda”, explica a psicóloga. Os profissionais da saúde, que lidam diretamente com esses casos, também recebem orientação para aprender a lidar com sentimentos como negação e raiva.

O atendimento psico-oncológico oferece um tratamento individualizado e humanizado. “É no acolhimento que podemos entender o desejo mais urgente do paciente naquele momento, seja espiritual, emocional ou até mesmo situacional, pela vontade de comer determinado alimento ou por querer receber a visita de uma pessoa em especial, e pensar em uma forma de realizá-lo”, esclarece Caroline, que destaca a importância desse tipo de atendimento acontecer no mesmo local do tratamento quimioterápico, pela facilidade de compreensão do caso como um todo e, principalmente, por viabilizar a participação dos familiares.