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Violência obstétrica é tema do “Empodera Mulher”

- 08 de novembro de 2022

A palestra sobre “Violência Obstétrica” foi promovida no dia 26 de outubro pela Secretaria da Mulher por meio da Coordenadoria Rede Mulher. A ação faz parte da programação do “Empodera Mulher” que, através de cursos gratuitos, tem o objetivo de levar e expandir conhecimento sobre o empoderamento feminino às baruerienses.

“O programa visa fortalecer as políticas públicas para mulheres no município e incentivar a luta da não violação dos direitos das mulheres, e umas das formas disso acontecer é dando acesso à informação”, destaca a secretária da Mulher, Giani Cristina de Souza.

Violência obstétrica
Conduzido pelo médico e professor Jefferson Drezet, da Faculdade de Saúde Pública da USP (Universidade de São Paulo), o assunto foi norteado sob os princípios dos direitos humanos.

“Alto padrão de saúde atingível, incluindo o direito a uma assistência digna e respeitosa durante toda a gravidez e o parto, assim como o direito de estar livre de violência e discriminação”, destaca Drezet ao citar declaração da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2014 garantindo ainda atendimento humanizado para o recém-nascido.

Considera-se violência
A violência obstétrica pode ocorrer durante a gestação, o parto e pós-parto, sendo física, psicológica e sexual, praticada pela pessoa que realiza a assistência. Maus-tratos estes que podem causar momentos traumáticos para a mulher e para o bebê.

Constrangimento
O exemplo clássico vivido por mulheres durante o parto, inclusive relatado por uma das participantes do Empodera, é o comentário “na hora de fazer foi bom”, caracterizado como violência obstétrica por constranger ou humilhar a paciente. Veja outros exemplos de violências:

. Discriminação por causa da idade, cor, raça, classe social;

. Procedimentos médicos desnecessários, bem como não os comunicar ou aplicá-los sem consentimento;

. Recusa ou postergar métodos de alívio da dor;

. Falta de privacidade e confidencialidade.

O médico também lembrou as práticas banidas por não apresentarem evidências científicas de seus benefícios, tais como episiotomia (corte cirúrgico feito no períneo) e a manobra Kristeller (técnica que consiste em pressionar a parte superior do útero para acelerar a saída do bebê).

Como se nasce no Brasil
O médico obstetra revela que a recomendação é optar pelo parto natural por oferecer menos riscos à saúde da mãe e do bebê, porém, no Brasil dados revelam que 55,5% dos nascimentos ocorrem por meio de cesarianas. De acordo com o especialista, 82% das mulheres relatam que o medo de sentir dor é o motivo que as levam a escolher cesárea.

Drezet completa: “não tem evidência científica que um parto normal bem-feito seja arriscado. Porém, dentro dessa realidade, junto com o medo da dor vem o medo de receber um atendimento ruim. Quando se tem um cenário onde o medo de uma experiência prevalece, a venda da cesárea é maior”, ressaltou o docente.

Boas práticas
Jefferson ressaltou as boas práticas recomendadas para garantir um parto seguro e humanizado, como o direito a um acompanhante de livre escolha da paciente (Lei Federal de número 11.108/2005), contato pele a pele imediato com o bebê e a oferta do seio na sala de parto.

“A gente precisa e quer uma experiência positiva para a paciente e para sua família. O processo do parto não é mais mecânico, portanto, é preciso um acompanhante próximo para a mulher se sentir segura e acolhida”, destacou o obstetra.

Mais segura
A professora Kelen Vasconcelos, de 29 anos, que está grávida de 30 semanas, se sente mais segura após ter acesso a essas informações. “Estou mais aliviada e me sinto mais preparada, porque eu quero um parto normal. As informações de hoje vieram ao encontro com o que eu quero. A palestra foi ótima e é disso que precisamos: conhecimento”, disse a munícipe.

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