Vidas valiosas: Neonatal do HMB retrata a luta de crianças desde muito cedo
- 09 de outubro de 2018
Quem entra na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da ala de Neonatologia do Hospital Municipal de Barueri (HMB) Dr. Francisco Moran mal consegue acreditar no que vê. Dentro das incubadoras, ligados a todo tipo de aparelhos, bebês tão frágeis, impressionantemente pequenos, pesando menos de um quilo, dão uma verdadeira lição sobre força e vontade de viver.
Neste outubro, mês das crianças, essa ala é uma das escolhidas para homenagear os pequeninos. Isso porque dentro daquelas paredes, e principalmente daqueles leitos especiais, é possível presenciar a luta pela vida desde muito cedo – das crianças, pelo direito de viver, e dos profissionais, pelo compromisso com a vida.
É para esse setor que vão as gestantes com algum tipo de complicação e é lá que vêm ao mundo os bebês prematuros ou com más formações. “Aqui temos a linha de cuidado do prematuro crítico. Há todo um fluxo para atender o bebê, tem alguns pesando menos de 500 gramas, que são os prematuros extremos, e há alguns bebês inviáveis, mas não é porque ele talvez não tenha viabilidade que não vamos fazer tudo por ele”, declara o médico neonatologista Marco Antonio Cianciarullo, coordenador do setor no HMB.
Comprometimento, profissionais qualificados e infraestrutura para tal não faltam. “Temos uma estrutura que muito hospital particular não tem e com médicos excepcionais. Tenho uma gama de médicos aqui altamente especializada e eu consigo fazer uma medicina de ponta”, garante o coordenador.
Pelo direito de nascer
O trabalho da equipe é intenso e extremamente minucioso. Ao todo, são 32 médicos especialistas dedicados exclusivamente ao neonatal, mas a assistência conta com uma equipe multiprofissional formada também por enfermeiros, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e psicólogos, dentre outros. “Existe uma integração das equipes e todo mundo tem o mesmo objetivo, que é a assistência neonatal total”, afirma o coordenador com orgulho do time que formou desde 2009, quando chegou ao HMB.
Quem sentiu isso na pele foi a dona de casa Débora Moraes Maciel. Enfrentando uma gestação difícil, estava na 37ª semana quando seu bebê, Rodrigo, veio ao mundo e, dentre outras complicações, precisou ficar na UTI. “As pessoas reclamam porque não tiveram outra realidade. Não tenho mesmo o que falar, eu amei, é uma pena que não tenha mais hospitais como esse. Na Maternidade foi a mesma coisa. Fiquei dois dias no Centro Obstétrico, muito top, tudo que você necessita está ali, tem toda a estrutura”, elogia.
Débora, que já teve outros três filhos, diz preferir o HMB em tudo. “Estou muito satisfeita, muito feliz, porque o atendimento que meu filho teve aqui, se fosse em outro lugar, não sei. Prefiro esse hospital em todos os sentidos: higiene, espaço físico, os funcionários, desde os da limpeza até os médicos, todos são muito atenciosos”, destaca.
Menos prematuros em Barueri
A UTI Neonatal do HMB conta com 11 leitos e a incidência de ocupação deles é grande, embora o médico afirme que tem diminuído o número de prematuros nos últimos anos, especialmente entre os naturais de Barueri. Ele atribui tal evolução à qualidade do sistema de saúde do município, já que um bom pré-natal garante gestações saudáveis. Tal quadro não se repete em pacientes vindos de outros municípios, por exemplo. “Temos observado que a maioria dos bebês prematuros extremos não são de Barueri e não tiveram um pré-natal cuidadoso”, diz.
De acordo com o levantamento detalhado do HMB, hoje os prematuros representam cerca de 30% dos nascimentos. O número é bom, já que em 2010, por exemplo, era de 48%. Em 2017, eram 36% de prematuros. Por mês, o HMB realiza de 90 a 120 partos, porém, nem todos de alto risco. Atualmente, 75% dos nascidos no setor vão para o alojamento em conjunto; os que frequentam a UTI são 12%, e o berçário, mais 12%. Em 2010, os que necessitavam de UTI e berçário eram 33% - uma queda de pelo menos 9 pontos percentuais.
“No ano passado a nossa viabilidade, que é a porcentagem de bebês que sobrevivem, é maior do que os que vão a óbito. E a maioria dos bebês que tinham 600 gramas sobreviveram. Este ano tivemos poucos bebês que nasceram abaixo de um quilo, o que aumentou a viabilidade”, aponta Marco Antonio, que esclarece: é considerado prematuro o bebê com menos de 37 semanas de gestação. Bebês com 1,3 quilos já podem ir para o berçário e ao alcançar 2 quilos, estando clinicamente bem, recebem alta.
Outro apoio assistencial que tem feito a diferença no HMB é o Banco de Leite. Marco Antonio conta que a criação desse programa foi muito importante para a sobrevivência dos prematuros, já que quando o leite materno é introduzido, diminui em até 18% o risco de infecção. “Essa conquista teve grande impacto aqui”, diz o médico.
O desafio daqui para frente é combater as síndromes malformativas, que têm sido frequentes e encontram diversas causas, como síndromes genéticas, pré-natal inadequado, uso de medicamentos ou consumo de cigarros durante a gestação. De qualquer forma, cada caso é muito bem cuidado e analisado pela equipe para que, a cada incidência, aumentem as chances dessas novas vidas que, adiantadas ou não, chegam ao mundo.