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Palestra no HMB destaca estigma estrutural com relação ao suicídio

- 26 de setembro de 2022

Estigma estrutural. Assim se referiu o presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Antônio Geraldo da Silva, ao preconceito sofrido tanto por pacientes quanto pelos próprios profissionais de saúde com relação ao tratamento das doenças mentais. A declaração de Antônio Geraldo aconteceu na sexta-feira (dia 23) durante palestra sobre prevenção ao suicídio aos profissionais de saúde no Hospital Municipal de Barueri (HMB) Dr. Francisco Moran. A fala fez parte das atividades do Setembro Amarelo, campanha destinada à prevenção do suicídio.

Aliás, Geraldo é o criador do Setembro Amarelo. Na palestra, que contou com um público de cerca de 50 profissionais, como médicos e enfermeiros, abordou desde o surgimento da campanha, seu significado, medidas de prevenção e os dados que colocam o suicídio como uma das principais causas de mortes na atualidade não só no Brasil, mas no mundo.

Sinal de alerta
O presidente da ABP apontou que os índices de suicídio têm aumentado na América Latina, dado bastante preocupante se comparado aos números nos demais continentes, que estão em queda. Também comentou sobre a veiculação de notícias sobre suicídio. Estudos apontam que à medida que são noticiados casos de suicídio, o número de mortes dessa natureza cresce. É o chamado Efeito Werther – personagem do escritor clássico alemão Goethe sobre um jovem apaixonado que se mata diante do casamento da amada com outro. Na época do romance, 1774, vários homens cometeram suicídio. A solução, segundo ele, está no chamado Efeito Papageno, que é a exposição da pessoa com tendência ao suicídio a notícias positivas de prevenção e superação da crise

No entanto, Antônio Geraldo apontou o estigma estrutural que envolve o tema. Trata-se do preconceito, muitas vezes imperceptível, que abrange o tratamento de pessoas com doenças mentais, mas que acaba se estendendo para os próprios profissionais que lidam com o tema. “O estigma é um dos grandes problemas quando o assunto é prevenção”, disse.

Para demonstrar o estigma que atinge o tema, Antônio Geraldo citou que os próprios equipamentos públicos de saúde voltados para a saúde mental, muitas vezes ficam separados dos prédios que concentram as demais especialidades médicas.

O secretário de Saúde de Barueri, Dionísio Alvarez Mateos Filho, que assistiu toda a palestra de quase duas horas, apontou a excelência e a qualidade do material apresentado, assim como ressaltou a importância do tema para a sua pasta. “Temos um trabalho importante aqui, com os CAPS (Centros de Atenção Psicossocial), por exemplo, e toda uma preocupação com os cuidados da área, não apenas com os pacientes, mas também os profissionais. Por isso a relevância deste encontro aqui hoje”, completou.

A psicóloga Jéssica Monteiro, do setor de Psiquiatria do HMB, confirmou a questão do estigma no campo: “a gente vê muito preconceito, não só com relação ao paciente, mas a palestra tocou neste assunto e mostrou que os cuidados devem ser pensados num todo, em conjunto”.

O coordenador da Unidade de Terapia Intensiva (UTI), Marcelo de Castro, considerou o encontro “extremamente” proveitoso, também destacou a questão do estigma e a importância do aprimoramento constante no tratamento dos casos de saúde mental.

 

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