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Corrida São Silveira tem mais de 40 anos de tradição

- 10 de dezembro de 2018

No próximo domingo (dia 16), corredores anônimos e famosos disputam a 43ª edição da São Silveira, em Barueri, sonhando com prêmios de até R$ 5.000 em um trajeto totalmente asfaltado. Mas nem sempre foi assim. Os precursores da prova corriam sem estar devidamente equipados, em ruas sem pavimento e tendo que carregar os cordões dos trechos percorridos, pois não havia chip para se amarrar no tênis.

Joaquim das Cabras era motorista do Depósito Manolo, no Jardim Silveira, e Agenor, comerciante no mesmo bairro. Em dezembro de 1975 eles fizeram uma aposta: uma corrida de ida e volta até Jandira partindo da estação de trem. Alguém se dispôs a acompanhá-los de carro. Contrariando os prognósticos, a prova, que foi realizada numa quarta-feira, terminou com a vitória de Agenor. Manuel Cabeza Amor, o Manolo, recebeu-o com uma salva de rojões e o pódio foi improvisado em caixotes de cerveja do Bar do Roberto.

Inconformado com a derrota, Joaquim pediu uma revanche para o domingo seguinte (1º de janeiro) dobrando o valor da aposta. Perdeu novamente, mas dessa vez já havia cerca de 30 corredores participando. Nos anos seguintes, a prova foi ganhando renome e recebeu o nome em alusão à famosa prova de São Silvestre.

Manolo, já na condição de organizador da corrida, em parceria com o seu irmão José e Vítor da Eletrônica, conseguiu convencer os empresários do bairro (Vítor; Laércio da padaria; Moacir da Óleos Cestol e outros) a contribuir financeiramente para tornar a prova cada vez mais atraente. Incialmente a Prefeitura colaborava com a interdição das ruas, envio de ambulância e montagem do palanque que servia de pódio.

A partir da quarta edição, a organização ficou exclusivamente por conta da municipalidade, mas Manolo ainda patrocinava o evento. O percurso da São Silveira, que na época era de 8.850 metros, era todo em terra. Os munícipes vibraram quando souberam que a avenida Brigadeiro Manoel Rodrigues Jordão seria pavimentada.

A elevação dos prêmios e a participação dos corredores de elite, como os temidos quenianos e os ases da São Silvestre, obrigaram os organizadores à criação de novas categorias para diminuir as desigualdades. O percurso da prova já passou por diversas modificações (hoje é de 8.000 metros), assim como as regras de premiação e participação, inclusão e exclusão de categorias. As autoridades estão sempre atentas ao surgimento das novas demandas.

Hoje, com 71 anos, Manolo não imaginava que aquela brincadeira fosse se tornar uma das provas mais cobiçadas e aguardadas do pedestrianismo brasileiro. Ele jamais correu em qualquer delas. “Nem que eu quisesse. Quando terminava uma São Silveira, já tinha que começar a organizar a próxima”, afirma ele, que fazia uma ata e analisava as falhas de cada prova para que não fossem repetidas.

Presente
Um grupo que não perde a oportunidade de participar da São Silveira é o “Vem Comigo”, que tem centenas de integrantes ativos. A “turma do interior”, como são carinhosamente chamados os integrantes de Barueri e região, vivem se comunicando através das redes sociais e treinam nesta época no mesmo percurso em que a prova será realizada. Há jovens e veteranos na equipe. 30% são mulheres.

Muitos deles correm pelo Brasil e exterior. Numa prova realizada no ano passado no Chile, ganharam um troféu por comparecer com o grupo mais numeroso.  Há quem garanta que o trajeto íngreme no início da São Silveira é um dos mais desafiantes que conhecem e que a organização da prova está no mesmo nível de corridas da Europa e dos Estados Unidos.

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