
Capacitação no Cretea aborda transtornos associados ao TEA e estratégias de acolhimento
- 01 de outubro de 2025
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Resumo:
- A Prefeitura de Barueri, por meio do Cretea, realizou uma capacitação sobre transtornos associados ao TEA, aspectos comportamentais e estratégias de acolhimento.
- O encontro abordou temas como TDAH, ansiedade, terapias, inclusão e apoio às famílias.
- O objetivo foi promover compreensão, empatia e práticas efetivas de manejo.
A Prefeitura de Barueri, por meio do Cretea (Centro de Referência do Transtorno do Espectro Autista) da Secretaria de Saúde, realizou, no dia 26 de setembro, uma capacitação para profissionais e público em geral sobre “Transtornos associados ao TEA e aspectos comportamentais”. O objetivo foi compreender os principais transtornos associados ao TEA, interpretar aspectos comportamentais e discutir estratégias de manejo e acolhimento com foco na inclusão.
O encontro foi conduzido por Silvio Júlio de Amorim, coordenador multidisciplinar do Cretea, especialista em ABA e pai de uma criança com TEA. Ele abriu a palestra propondo a reflexão: “O que vocês já ouviram falar sobre os comportamentos associados ao TEA?”
Silvio destacou que os transtornos mais comuns relacionados ao TEA são o TDAH, presente em 40% a 60% dos casos, além da ansiedade, depressão, epilepsia, distúrbios do sono, dificuldades motoras, de linguagem, distúrbios alimentares e alterações sensoriais. “Os transtornos de ansiedade e depressivos são mais comuns na adolescência e na vida adulta, devido ao impacto social”, explicou.
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Aspectos comportamentais
O especialista reforçou que pessoas com TEA podem apresentar déficits na comunicação social, dificuldade em iniciar ou manter interações, além de comportamentos repetitivos e interesses restritos. São comuns também a resistência a mudanças e a dificuldade em compreender regras sociais.
Em locais muito estimulantes, como shoppings, podem ocorrer crises de choro, gritos ou isolamento, sendo comum a busca por autorregulação por meio de movimentos repetitivos ou em ambientes tranquilos. O papel das terapias Silvio alertou sobre o objetivo das intervenções, ressaltando que a terapia “existe para melhorar a qualidade de vida do indivíduo, não para transformar uma criança atípica em uma criança típica”.
E completou: “Precisamos compreender suas individualidades. Quando uma criança balança a mão para se autorregular, não devemos achar estranho: é apenas uma forma de cuidado consigo mesma. Esse gesto faz bem a ela e não prejudica ninguém. Então, por que intervir nesse comportamento? Muitas vezes, isso diz mais sobre nós, enquanto sociedade, do que sobre a própria pessoa com deficiência.”
Habilidades especiais
Entre as habilidades, Silvio citou o hiperfoco e a memorização, lembrando que nem todos apresentam altas habilidades. “Existem adolescentes que tiram 10 em uma matéria e 2 em outra. Muitas vezes, sofrem grande pressão por expectativas irreais”, afirmou.
Estratégias de manejo e acolhimento
Silvio destacou a importância da previsibilidade e rotina, da comunicação objetiva, da criação de espaços de regulação emocional, como o “cantinho da calma”, e da parceria com a família. “Avisar sobre mudanças na rotina com antecedência, como uma consulta médica, pode reduzir bastante a ansiedade”, exemplificou.
E reforçou: “Construir um espaço seguro, evitar confrontos, comunicação calma, clara e empática. Normalmente a gente ensina o que não fazer, mas não ensina o que fazer no lugar. É preciso dar opções para essa criança se acalmar.”
Fases de uma crise
O especialista explicou também as etapas de uma crise, calmaria, gatilho, agitação, aceleração, pico, desaceleração e recuperação, e reforçou a importância de estratégias preventivas, como vínculo, observação constante, rotinas claras e comunicação assertiva.
Não julgue!
No âmbito terapêutico e social, Amorim enfatizou a importância da parceria com a família e pediu sensibilidade no olhar para as cuidadoras. “Sabemos os riscos do uso excessivo de smartphones para crianças, mas não julgue uma mãe que, em determinada circunstância, optou por entregar uma tela ao filho. É preciso entender o contexto daquela realidade. Muitas dessas cuidadoras são mães solo e não têm emprego fixo. Não basta entregar uma cartilha com regras: é preciso ter sensibilidade e olhar cada caso de forma única”, concluiu.
Sobre o Cretea
O Cretea está localizado nas dependências da Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência (SDPD), na Rua Vereador Isaías Pereira Souto, 175, Jardim Belval. O centro oferece atendimento diferenciado a mais de 500 crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista.
Cada paciente é acompanhado duas vezes por semana, em quatro sessões terapêuticas, conduzidas por uma equipe multidisciplinar formada por psicólogos, fonoaudiólogos, educadores físicos, terapeutas ocupacionais, psicomotricistas, musicoterapeutas, arteterapeutas, fisioterapeutas, nutricionistas, neuropsicólogos e profissionais de enfermagem.



